Como parte da cobertura do ArchDaily sobre a Bienal de Veneza de 2016, apresentamos uma série de artigos escritos pelos curadores das exposições e instalações à mostra no evento.
Atendendo ao tema principal da 15ª Exposição Arquitetônica Internacional, Reporting from the Front, a mostra de Singapura aborda as pequenas "batalhas" do fronte interno. Estes esforços estão contribuindo para a emergência de uma Singapura revigorada.
De dentro do conforto e da segurança dos ambientes domésticos e espaços públicos que têm sido criados ao longo das últimas cinco décadas, estamos agora promovendo as frentes internas por dentro – para criar mais Espaço para Imaginar e Espaço para Todos [Space to Imagine, and Room for Everyone].
Através de ações, guiadas e espontâneas, iniciadas por indivíduos, instituições e grupos, estamos agora testemunhando a participação ativa de nossos cidadãos: dando passos, tomando atitudes, possuindo e adotando seus ambientes. Eles também ampliaram o papel do ativismo e participação do design, tanto reais quanto imaginários, em diferentes escalas e níveis em esquemas de renovações futuras, intensificando a ocupação de espaços remanescentes, nos restritos confins do espaço doméstico.
Nos dois amplos temas (terrenos arquetípicos), em qualquer escala, no limite entre o domínio público e o privado, são adotadas atitudes como participação, contestações, ativações, apropriações, transgressões e ocupações. Tudo isso acontece no edifício e no tecido urbano – nos térreos, nos deques das residências dos complexos habitacionais e em nossos espaços públicos.
Numa bateria de ações nesses terrenos, estabelecemos através do design uma nova construção social nas conquistas na geração austera mais antiga. Ao ir contra esta frente, virando Singapura do avesso, fomos além de sermos produtivos e tecnocráticos, para sermos criativos e igualitários. Por isso, estas "batalhas" na frente é uma noção visual comovente de nossa capacidade construtiva humana, ao olhar para o futuro com novos olhos e nossas tentativas de humanizar o ambiente de Singapura.
O projeto da exposição usa uma grelha como base para que diferentes significados e potenciais sejam projetados. A grelha (uma moldura com intervalos iguais em dimensões X e Y) dá significado à ordem e racionalidade com a qual Singapura é planejada. A grelha, no entanto, também providencia abertura e liberdade. No espaço da exposição, organizamos uma grelha que permite que todos se movam livremente, para apreciar a diversidade das histórias que se desenvolvem lá dentro.
O efeito criado é uma atmosfera que abraça e imerge o espectador. A equipe curatorial se empenhou em fazer uma experiência com grande valor emocional, usando centenas de cenas interiores do dia-a-dia em nossos complexos habitacionais públicos, o Housing Development Board (HDB). Mais do que apenas sentir na pele quaisquer destes interiores de HDB, a exposição irá imergir os espectadores intimamente numa coleção diversificada de interiores, como uma intensa experiência doméstica.
Oitenta e uma (81) imagens customizadas em lanternas são suspensas na altura dos olhos no espaço central. Em três faces de cada lanterna, uma fotografia da HDB: será fixada a coleção de Casas de Singapura. Na quarta face, será possível se olhar por dentro da lanterna, para se ver uma pequena maquete da quadra do HDB, no qual o interior descrito nas fotografias são localizados. Uma lâmpada no centro ilumina a maquete, bem como as fotografias por trás. O espectador irá serpentear livremente por estas cenas do cotidiano, brilhando suavemente.
Pode-se notar que neste pavilhão, organizado para uma Exposição Arquitetônica Internacional, não são apresentadas edificações. Em vez disto, mostra as conexões entre pessoas e seus espaços. O desafio é que, enquanto edificações são tradicionalmente representadas por meio de desenhos, fotografias e maquetes, as histórias destas pequenas "batalhas" encontradas nas frentes não têm uma representação pré-estabelecida.
Para incorporar o espírito de cada participante, a equipe curatorial selecionou, de cada artefato, um objeto visivelmente surpreendente que carrega as marcas de suas lutas ou que conta as histórias sucintamente. Como exemplo, a Ground-Up Initiative (GUI) mostra os tijolos de barro que seus voluntários estão fazendo para as paredes de seu novo campus. Para o Participate in Design (P!D), é apresentado uma gama de Post-Its coloridos, agora universais, que os protagonistas reuniram de suas sessões de consultas.
A seleção dos artefatos que carregarão a história de cada participante é um ato tanto de projeto como de curadoria. Esta abordagem direta, como uma preparação de sashimis frescos, pressupõe escolhas e cortes. Nenhum tempero é necessário. A filosofia de projeto para o Pavilhão de Singapura consiste, similarmente, em apresentar as histórias inspiradoras de uma forma honesta e transparente.